Manifesto do Movimento Sindical do PDT
Repensar e reorganizar o Movimento Sindical
Companheiros e companheiras sindicalistas do PDT:
Passados quase 30 anos do processo de redemocratização do
Brasil, estamos assistindo ao reordenamento das instituições democráticas como
um todo, e, principalmente, no nosso caso específico, assistimos à agonia do
movimento sindical brasileiro.
Com a ascensão de Leonel Brizola ao Governo do Rio de
Janeiro em 1983 – e, no decorrer do tempo, de vários outros companheiros pelo
Brasil afora – o PDT passou a botar em prática todos os princípios de
organização da sociedade – associações de moradores, sindicatos etc. – estabelecidos
em documentos históricos do Partido, como a Carta de Lisboa e outros.
Os mecanismos de dominação utilizados pela elite brasileira,
no entanto, se apossaram de muitas das instituições sociais legitimamente
organizadas pelo povo brasileiro, aparelhando-as e substituindo suas bandeiras
de luta pelo discurso da concepção dominante, transformando militantes,
formuladores e agentes políticos em meros estafetas de uma pseudocidadania,
focada exclusivamente na lógica do consumo.
O movimento sindical não ficou imune a esse aparelhamento.
Muito pelo contrário. O que deveria ser o alicerce de um movimento maior, de
caráter nacional e soberano, foi transformado em mero instrumento de
manipulação para um determinado grupamento político.
Perdeu-se a noção de nacionalidade, liberdade, democracia,
soberania; e até mesmo a noção de solidariedade, que até então sempre norteara
as lutas dos trabalhadores.
Neste contexto, assistimos ao apequenamento e à negação do
papel dos trabalhadores diante do processo produtivo, relegando a um segundo
plano sua importância na produção das riquezas de nossa nação.
Podemos assegurar que boa parte do movimento sindical de
hoje, equivocadamente, já não mais considera o trabalhador como agente ativo no
desenvolvimento do Brasil; apenas usa sua representação como instrumento para
manobras de grupamentos políticos.
Diante de tal quadro, acreditamos que seja tarefa nossa –
como trabalhistas que somos – não apenas repensar o movimento sindical, mas,
verdadeiramente, resgatar a amplitude, a dimensão da organização dos
trabalhadores, de forma direta; e ir além, aprofundando os aspectos sociais, políticos
e humanos dos nossos companheiros, e reivindicando sua importância enquanto
base fundamental do povo brasileiro.
Precisamos reorganizar nossas forças e restabelecer uma
linha direta e ação entre o PDT e os trabalhadores do Brasil, readquirindo nossa
capacidade de aglutinar companheiros em torno das causas nacionais: aquelas que
unificam as lutas dos trabalhadores dos campos e das cidades.
Cada trabalhador é, naturalmente, um agente político em sua
residência, sua rua, seu bairro e sua cidade. Neste sentido, precisamos agregar
aos nossos esforços de organização a defesa de políticas públicas, caras a
todos nós e essenciais à vida do trabalhador no seu dia a dia.
Cabe a nós, trabalhistas, respeitando fielmente a orientação
da legítima Direção partidária, conclamar os trabalhadores para debater,
interagir e ombrear com o PDT, participando e dando contribuição efetiva na
construção de políticas públicas e projetos concretos para o saneamento, para a
saúde, para a educação, para a cultura, para a segurança pública. Enfim,
precisamos aglutinar os trabalhadores, torná-los novamente elemento fundamental
na luta pela liberdade e soberania nacional, a partir de ações pontuais, locais
e de interesse comum.
Acreditamos ser este o caminho a ser trilhado para começarmos
a retornar para os trabalhadores – e em consequência para o povo – aquilo que
sempre foi seu por direito e legitimidade: o poder de tomar a decisão sobre os
destinos da nação brasileira.
Comissão Provisória do Movimento Sindical do PDT-RJ